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Foto do escritorLeituras são atos

Continuação...

A luz da fogueira iluminava a escuridão e a tristeza que dominavam o seu mundo. Miudinga sentado então naquele chão imundo, ia lendo as cartas e cada palavra refletia a realidade por ele vivida.

Já o velho havia adormecido, porém, o rapaz continuava a folhear o caderno e já cansado uma lágrima escorreu-lhe sob a face. Quem seria aquele desconhecido com que ele tanto se identificava?

«Avizinham-se os tempos de guerra e mais uma vez terei de partir.

Carrego o peso de deixar os que mais amo, mas de momento só importa salvar-me. Escrevo neste caderno as reflexões da minha alma. Vejo destruição por todo o lado, a cidade cheira a morte e a fome toma o lugar da felicidade».

Com isto, Miudinga apercebeu-se que não só ele teve que abandonar os seus. A guerra dividiu famílias, mas a vontade de se reunirem de novo dominava. Continuou então a ler na esperança de descobrir mais sobre o misterioso desconhecido.

«Desde que a malária levou a mulher da minha vida e me deixou com um filho no colo, sinto que já nada faz sentido. Sem condições de o criar, não tive outra opção se não o deixar. Culpo-me todos os dias, mas acredito que foi a melhor decisão…. Já ando há dias a tentar encontrar uma forma de me sustentar; não há nada.»

Conforme lia cada carta, aproximava-se cada vez mais da realidade vivida antes de seu pai partir. Temia ter acontecido o mesmo com seu pai.

Estaria ele bem? Estaria ele à minha procura?


Carolina Silva

Carolina Vieira

Cecília Rodrigues

Joana Marques

Matilde Gonçalves

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