Eu sou carvão! E tu arrancas-me brutalmente do chão E fazes-me tua mina
Patrão!
Eu sou carvão! E tu acendes-me, patrão Para te servir eternamente como força motriz mas eternamente não
Patrão!
Eu sou carvão! E tenho que arder, sim E queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão! Tenho que arder na exploração Arder até às cinzas da maldição Arder vivo como alcatrão, meu irmão Até não ser mais a tua mina
Patrão!
Eu sou carvão! Tenho que arder Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim! Eu serei o teu carvão
Patrão.
José Craveirinha
In Obra poética I. Lisboa: Caminho, 1999. p. 12
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